Post-78

Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

1993: Toni Morrison (1931-2019): pseudônimo de Chloe Ardelia Wofford, a primeira mulher negra a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Originária de uma família norte-americana de classe média baixa, de prática religiosa metodista, ela sentiu, desde a infância, as ameaças racistas que a cercavam. Como consequência desse estado de espírito, suas obras abordam temas relativos à raça, a mulheres negras e ao seu conceito de beleza. Tanto assim que o primeiro livro, publicado em 1970, relata o anseio de uma jovem negra em se transformar em uma pessoa branca de olhos azuis. A obra, com o belo título de “O olho mais azul” (The bluest eye), todavia não logrou sucesso à época do seu lançamento. Seu primeiro destaque na crítica veio com o livro Song of Solomon (1977), que relata a tempestuosa vida de um afro-americano, desde a infância até a maturidade. Dez anos depois foi publicada aquela que é considerada como sua obra-prima, o romance “Amada” (Beloved), que ganhou o cobiçado Prêmio Pullitzer de Ficção em 1988 e que pavimentou solidamente o caminho da escritora até o Nobel. A obra, baseada em eventos reais, descreve a vida de uma mulher, moradora de uma casa assombrada em Cincinnati, que é perseguida por caçadores de escravos após a Guerra Civil Americana (1861-65). Em gesto de desespero ela mata sua filha pequena para poupá-la de uma vida de escravidão. Deve-se ressaltar que a frequente mistura entre sonhos e realidade pode eventualmente confundir a compreensão do leitor. O livro foi escolhido pelo New York Times como o melhor romance norte-americano dos últimos 25 anos e pelo jornal britânico The Guardian como um dos cem melhores livros de todos os tempos. Haveria um melhor cartão de visitas para se chegar à premiação do Nobel? A obra foi levada ao cinema no filme “Bem-Amada” sob direção de Jonathan Demme (1944-2017) e tendo no elenco principal as presenças de Oprah Winfrey (1954-) e Danny Glover (1946-).      

Morrison escreveu 11 romances, que não é um número elevado para quem se dedicou por longos anos à literatura. Além disso, foi autora de livros infantis e de algumas poucas peças de teatro. Quando se converteu ao catolicismo, aos 12 anos de idade, ela escolheu “Anthony”, como sendo seu nome de batismo, em homenagem a Santo Antônio de Pádua. Em 1958 casou-se com o arquiteto jamaicano Harold Morrison, completando desta forma o pseudônimo de Toni Morrison. Divorciaram-se seis anos depois. Morrison era formada em inglês pela Universidade Howard, em Washington D.C., conhecida na época como a “Harvard dos negros.” Após fazer o mestrado na Universidade Cornell, ela passou a atuar com professora em diversas instituições de ensino superior. Em 1966 foi contratada como gerente da Editora Random House Inc., uma das maiores do mundo para literatura em inglês. Em 2005 recebeu o título de doutora honorária da celebrada Universidade de Oxford. Morreu de pneumonia aos 88 anos de idade.    

A língua norueguesa (2)

Algumas das características comuns às línguas escandinavas foram apresentadas no Post 75, quando foi abordada a língua sueca. Por exemplo, no norueguês os artigos definidos também são enclíticos: hund (cachorro) → hunden (o cachorro). A função negativa é formada pela colocação da partícula ikke após o verbo. Os verbos não variam a conjugação, conforme os diferentes sujeitos, e as palavras também podem se combinar em longos termos. Mas, ao contrário das outras línguas escandinavas, o norueguês possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. Voltando um pouco à fonética, realmente muito difícil para uma pessoa estrangeira, lembremo-nos de que as línguas escandinavas são todas elas tonais (como o são também diversos idiomas orientais), ou seja, é fundamental que cada palavra receba a entonação correta sob pena de uma constrangedora mudança de significado. Ao se considerar o conjunto dos idiomas escandinavos pode-se afirmar que o falante do norueguês é o que melhor entende as outras línguas.

Os pronomes pessoais são: Jeg, du, han (masculino)/hun (feminino), vi, dere, de. Essa é a nomenclatura na variante bokmål que, como vimos, é a mais utilizada. Na variante nynorsk a diferença fica apenas na primeira pessoa do singular: Eg.  Números de 1 a 10: én (masculino)/éi (feminino)/ett (neutro), to, tre, fire, fem, seks, sju, åtte, ni, ti. Na variante nynorsk a diferença, por sinal muito pequena, está no número um: éin, éi, eitt. Algumas expressões (idênticas nas duas variantes): Takk (obrigado), Vaer så snill (por favor), Unnskyld (desculpe), Jeg forstår ikke (não entendo), Ha det bra (até logo), God morgen (bom dia), Jeg elsker deg (eu te amo). Já que esta última é uma expressão um pouco sensível, vamos pronunciá-la corretamente, sob pena de uma indesejável ruptura do clima romântico duramente construído: “iai elsker dai”. Caso surja a oportunidade, perguntem se o interlocutor prefere ouvir a declaração em bokmål (v. acima)ou nynorsk (aí seria Eg elsker deg). Dias da semana (entre parêntesis a variante nynorsk, quando for o caso): Mandag (Måndag), Tirsdag (Tysdag), Onsdag, Torsdag, Fredag, Lørdag (Laurdag), Søndag (Sundag).     

Curiosidades

Mandrake: famosa revista em quadrinhos criada pelo desenhista norte-americano Lee Falk (1911-99). A origem do nome seria a tradução para o inglês da planta “mandrágora”, conhecida desde a antiguidade por seus efeitos alucinógenos, estando assim associada a feitiços e magias. Além disso, suas raízes formam um conjunto que se assemelha à figura de um ser humano. Por outro lado, todos os brasileiros conhecem o substantivo mandraquice como sinônimo de feitiço. Nesse caso alguns linguistas sugerem umaoutra origem, o termomandoki, da língua quicongo, falada na região de Angola e Congo, e muito utilizada pelos escravos africanos vindos para o Brasil, os quais nunca tinham visto uma mandrágora e muito menos chegaram a ler o gibi. Por sinal, esta última palavra também pode ter sido originária do quimbundo (língua falada em Angola) com o significado de “menino”.

Frase para sobremesa: Em deferência a Toni Morrison: Em um determinado ponto da vida, a beleza do mundo torna-se suficiente. Você já não precisa de fotografar, pintar ou até recordar. É suficiente.  

Bom descanso!

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