Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1991: Nadine Gordimer (1923-2014): Gordimer foi a primeira mulher do continente africano a ser galardoada com o Nobel de Literatura. Todas as suas obras (romances, contos e ensaios), de forma direta ou indireta, sempre relatam a deterioração social na África do Sul durante o regime do Apartheid. As fortes questões de segregação racial são o fio condutor dos enredos criados por Gordimer. Filha de um imigrante judeu lituano, relojoeiro de profissão, e de uma mãe inglesa, ela foi educada em casa na sua infância, pois os pais temiam a ocorrência de problemas na escola devido à saúde fraca da criança, o que se revelou, posteriormente, como sendo um grande exagero. No início da adolescência, Gordimer presenciou a brutal invasão de sua casa e a busca realizada no quarto da empregada negra, denunciada como fabricante clandestina de cerveja. Sensibilizada com a precária condição social de seu país, ela começou a escrever aos quinze anos de idade e só parou dois anos antes de morrer. Seu romance de estreia foi The Lying Days (1953). Iniciou estudos universitários em Johannesburg (1948), mas abandonou a faculdade para se dedicar ao jornalismo e à redação de obras literárias. Em 1951 a revista semanal norte-americana The New Yorker publicou um conto seu, A Watcher of the Dead, o que significou o primeiro grande passo em sua longa carreira literária. Embora tenha escrito 15 romances, Nadine afirmava que “os contos são a forma literária da nossa época.” Vários de seus livros foram censurados na África do Sul, alguns por meses e outros por anos (com o período máximo de dez anos), ou seja, todas as obras banidas, acabaram retornando às livrarias. O famoso discurso de Nelson Mandela (1918-2013) em 20 de abril de 1964, logo antes de sua longuíssima condenação a 27 anos de prisão e que termina com a célebre frase ….I am prepared to die, teve aconselhamento e revisão de Nadine, que foi uma das primeiras pessoas que o líder quis visitar logo ao deixar a prisão.
Em 1974, Nadine recebeu o respeitado prêmio Man Booker (destinado a publicações em língua inglesa) pelo romance The Conservationist. Sua sequência de premiações é marcante: em 1985 o prêmio Malaparte (Itália), em 1991 o Nobel, em 1996 o International Botev Prize (Bulgária), em 2002 o Commonwealth Writer’s Prize pelo romance Pickup e, em 2007, a mais importante comenda francesa, a Legião de Honra. Muitos dos seus livros estão traduzidos para o português. Embora seja difícil apontar as obras mais destacadas, merecem registro, além dos já citados, o livro de contos com o curioso título de “Beethoven era 1/16 negro” (Beethoven was 1/16 black, 2007), o romance “De volta à vida” (Get a life, 2005), que descreve um doente terminal isolado devido à radiação recebida no tratamento de um câncer, mas o pano de fundo ainda é o Apartheid, e sua última obra com o belo título de “O melhor tempo é o presente” (No time like the present, 2012). Gordimer foi professora visitante de diversas universidades de renome internacional. Na vida pessoal casou-se duas vezes. Nas primeiras bodas, que duraram apenas três anos, ela teve uma filha e, no segundo matrimônio, este mais longevo, um filho. As informações da família dão conta de que Nadine morreu dormindo, aos 90 anos de idade.
A língua sueca (2)
Sabe-se que a fonética, que é um dos componentes mais relevantes de um idioma, é dificilmente explicada na forma escrita. Insiro a seguir apenas algumas orientações aproximadas das pronúncias peculiares de algumas letras: o duplo “L” é falado à semelhança do italiano, como se a primeira letra ficasse um curto tempo suspensa no ar, o “u” e o “y” são pronunciados como o “u” francês (ou o “ü” alemão); o “o” é falado como “u” (menos antes de “ck”); o “g” no final das palavras soa como “i”, o “ig” como “ei” e – essa é mais marcante – o “k” é pronunciado como “tch” antes de “e,i, y, ä e ö”). Assim a conhecida cidade turística de Linköping obviamente soa como “Lintchöping”.
O sueco, assim como as outras línguas escandinavas e o romeno (Post 72), possui o artigo definido enclítico, ou seja, ele consiste em um sufixo acrescentado ao substantivo. Por exemplo: katt (gato), katten (o gato). Existem dois gêneros em sueco: comum (fusão do masculino e feminino do nórdico antigo) e neutro. Estima-se que mais de 80 % dos substantivos sejam do gênero comum. As línguas germânicas adotam a seguinte distribuição para o número de gêneros: três gêneros (masculino, feminino e neutro): alemão, norueguês, islandês, feroês e frísio; dois gêneros (em geral o comum e o neutro): holandês, sueco, dinamarquês; sem gênero: inglês, scots, africâner.
No plural, e isso vale para todas as línguas germânicas, é perdida a distinção de gênero. Também é padrão para os idiomas germânicos a colocação do adjetivo antes do substantivo, o que, no português, só ocorre em construções poéticas. Para quem quer aprender sueco, vem aí a cereja do bolo: a conjugação dos verbos não muda com a pessoa, apenas com o tempo e o modo. Nem o inglês possui uma conjugação tão fácil.Por exemplo, a conjugação do verbo ser/estar é de uma irritante monotonia: jag är, du är, han/hon är, vi är, ni är, de är. A negação verbal é feita simplesmente colocando-se a partícula inte, separadamente, após o verbo. Ao contrário da principal língua germânica, que é o inglês, não existe em sueco a forma contínua do gerúndio (p.ex. I was writing). Os suecos vivem muito bem sem essa composição verbal. O tempo futuro é construído com um verbo auxiliar, ao exemplo de “eu vou contar”, não existindo a forma curta (eu contarei). Mais uma simplificação: o passado simples é igual ao imperfeito (p. ex. eu li e eu lia é tudo a mesma coisa). Não pensem que tais caraterísticas indiquem alguma limitação no uso do idioma. De forma alguma, pois os suecos podem utilizar outras composições verbais ou construções parafrásicas, i.e., aquelas que lançam mão de outras maneiras de se exprimir o sentido da frase. A inversão sujeito/verbo nas frases interrogativas é uma característica única das línguas germânicas. É como se, em português disséssemos “quer você? em vez de você quer? No sueco, assim como no alemão, é frequente a composição de palavras, gerando por vezes longuíssimos termos.
A pergunta pela idade é feita em sueco à semelhança do inglês, ou seja, “quão velho é você?” Algumas expressões: God morgon (bom dia), Adjö (até logo, o “d” fica mudo na pronúncia.), Jag förstår inte (não entendo), Ursâkta (desculpe), Tack (obrigado), Jag älskar dig (eu te amo). Números de 1 a 10: en/ett, två, ter, fyra, fem, sex, sju, åtta, nio, tio. Dias da semana: Måndag, Tisdag, Onsdag, Torsdag, Fredag, Lördag, Söndag.
Prenomes de gêneros variáveis
Enquanto Alisson é um nome geralmente masculino no Brasil, nos países de língua inglesa ele é normalmente feminino. Emília é feminino no Brasil, ao passo que Emile na língua inglesa e Émile na francesa são masculinos. Clare na língua inglesa pode ser um prenome feminino ou masculino.
Jules é feminino na língua inglesa e masculino na francesa. No idioma francês temos: André (masculino) e Andrée (feminino), ambos com a mesma pronúncia; Léonor (masculino, embora seja feminino no Brasil) e Léonore (feminino). No italiano a questão é ainda mais intrigante: Andrea, Danielle e Gabrielle são todos prenomes masculinos. Aqui no Brasil, dentre os prenomes que servem para os dois gêneros, podem ser citados Iris, Nair e Darcy. Ao contrário do que a grafia do nome sugere, em russo Sacha é um prenome masculino, na verdade um diminutivo de Aleksandr. As línguas eslavas são muito ricas nos hipocorísticos, que são modificações dos prenomes como sinal de carinho e/ou intimidade. Eles podem ocorrer pelo uso de sufixos diminutivos (Luisinho) ou aumentativos (Marcão), por redobros silábicos (Vavá, Gugu) ou por braquilogia (brevidade na expressão verbal), como Mari (por Marieta) ou Malu (por Maria Lúcia). Alguns outros exemplos de hipocorísticos russos são: Kolia (por Nikolai), Mitia (Dmitri), Fedia (Fiódor), Vania (Ivan), Lara (Larissa), Mila (Ludmila), Natasha (Natalia), Tania (Tatiana) e Masha (Maria).
Frase para sobremesa: A concisão de um gênio: As simple as possible, but no simpler than that (Albert Einstein, 1879-1955). Acho a expressão em inglês mais significativa. Uma tradução livre seria “Tão simples quanto possível, mas não mais simples do que isso.”
Bom descanso!