Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1953: Winston Churchill (1874-1965): Certamente um dos nomes mais conhecidos no conjunto de autores laureados com o Nobel, embora muitas pessoas não saibam que o famoso político também tinha sua inclinação para a escrita. Nascido no ambiente de uma família rica e aristocrática, Churchill, antes de iniciar a brilhante trajetória política, seguiu a carreira militar, tendo participado de conflitos na India, Sudão, Egito e África do Sul. Já nesta época ele escrevia livros que descreviam as campanhas de guerra. Como político, ele foi membro tanto do Partido Liberal (1904-24), quanto do Partido Conservador (1940-55). O ápice de sua vida pública foi o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido por duas ocasiões, de 1940 a 1945, portanto durante o período da Segunda Guerra Mundial, e de 1951 a 1955, tendo renunciado por problemas de saúde. Mesmo assim permaneceu como deputado até 1964, um ano antes de sua morte. No total, ele foi membro do Parlamento de 1900 a 1964, o que equivale a mais de 20.000 dias de exercício. Atribui-se a Churchill a criação do termo “cortina de ferro” (iron curtain) para designar o domínio da então União Soviética sobre os países do Leste europeu. Apesar de aclamado como um grande líder da democracia liberal na Europa e reverenciado pelos intensos combates ao Nazismo e ao Fascismo, existem críticas à sua visão fortemente imperialista e à sua responsabilidade na extensa violação dos direitos humanos na India. Provavelmente a frase mais famosa já proferida no Parlamento Britânico é a de Churchill durante a fase mais crítica da Segunda Grande Guerra: “Só tenho a oferecer sangue, labuta, lágrimas e suor (I have nothing to offer but blood, toil, tears and sweat), sim, nessa ordem, pois versões populares eliminaram a palavra toil e inverteram as duas últimas, ficando apenas como blood, sweat and tears, que é, inclusive o nome de uma banda norte-americana de rock dos anos 60 e 70. Não vamos detalhar nesse Post – pois não é nosso objetivo – os principais marcos na longa carreira política de Churchill. Muitos livros relatam a abrangente biografia deste grande líder. Para quem tem um pouco de pressa, recomendo que assistam (se é que já não o fizeram) ao filme “O destino de uma nação” (Darkest hour), dirigido por Joe Wright (1972-) e contando com uma portentosa atuação de Gary Oldman (1958-), que lhe valeu o Oscar de melhor ator na edição de 2017.
Vamos aos livros. A produção magna de Churchill, que lhe granjeou reconhecimento mundial, é a obra de seis volumes ”A Segunda Guerra Mundial” (The Second World War), escrita de 1948 a 1953. Desde seus primeiros livros, em um total de 40, Churchill quase sempre se dedicou aos relatos de guerra. Muitos críticos e leitores consideram como sendo sua melhor obra a autobiografia intitulada “Meus primeiros anos” (My early life), publicada em 1930, onde descreve sua vida desde o nascimento até os 28 anos de idade. Ali o árido e amargo tema das guerras ainda não perturbava o lirismo de sua inspirada escrita. Outra obra de fôlego, publicada em 1937, é a coleção de 21 ensaios sobre as pessoas que ele julgava serem as mais importantes no contexto daquela época: “Grandes contemporâneos” (Great contemporaries). Seu interesse pelos aspectos históricos o levou a redigir “Uma história dos povos de língua inglesa” (A history of the English-speaking people), desde o tempo dos romanos até a época atual. Esta maratona, em quatro volumes, foi iniciada em 1937 e concluída em 1956 (afinal de contas, com tantas guerras ocorrendo no período, o tempo para a escrita teve de ser reduzido). A única obra de ficção escrita por Churchill foi o romance Savrola, publicado em 1899, o qual relata as tramas monárquicas em um fictício país europeu.
Cabe aqui um registro final sobre como as coincidências podem ocorrer (sim, elas existem, caso contrário ninguém criaria um nome para designar esses curiosos eventos). Houve um escritor norte-americano também chamado Winston Churchill (1871-1947), que era bem mais conhecido que o estadista inglês, antes que este alcançasse o sucesso. Existe uma carta em que a contraparte inglesa escreve ao xará (por inteiro) norte-americano, comentando, com muito recato, que passaria a assinar seus livros como Winston Spencer Churchill, que era o nome completo do político. Alguns anos depois a nomenclatura foi simplificada para Winston S. Churchill e a vida de ambos seguiu sem problemas.
Línguas da Espanha (VIII)
A língua asturiana (continuação)
Na fonética do asturiano o “h” é pronunciado como em “house” do inglês, o “g” é “gue”, o “ch” tem o som de “tsch” e o “x” o som de “ch”, este último à semelhança do catalão e do galego. Algumas palavras básicas em asturiano: fiu (filho), fia (filha), muyer (mulher). Seria uma impressão só minha ou a maioria de vocês concorda em que estamos no interior de Minas Gerais? Para saudações: bonos dies, bones tardes, bones nueches. A partícula negativa “não” em asturiano ocorre em duas formas, nun, quando acompanha um verbo e non quando está isolada. Tal dualidade ocorre também em várias línguas ocidentais como no inglês (not/no), francês (ne/non), alemão (nicht/nein), italiano (non/no), russo (He/Het) mas não no português e espanhol. Os nomes masculinos terminam em u (no plural os) e os femininos em a (no plural es). Os dias da semana: llunes, martes, miércoles, xueves, vienres, sábado, domingo, portanto muito semelhantes ao espanhol. A influência da língua francesa (ou de sua antecessora, o occitano) pode ser vista em palavras como “ontem” (ayeri, em francês hier), “onde” (ú, em francês où), “praia” (sablera, do francês sable, areia; a praia seria, portanto, algo como uma areieira).
Os numerais de um a dez parecem uma mistura de português e espanhol: ún, dos, três, cuatro, cinco, seis, siete, ocho, nueve, diez. O leitor mais impaciente pode arguir porque não são unificadas essas línguas tão semelhantes. A resposta vem a galope: além das fortes razões históricas, os idiomas fazem parte da cultura do povo, a qual nunca poderia ser unificada com outra. Por vezes, alguma semelhança decide se escapar: iviernu, primavera, branu e seronda, esta última indicando o outono. Os meses do ano também parecem misturar origens distintas: Xinero, Febrero, Marzu, Abril, Mayu, Xunu, Xunetu, Agosto, Setiembre, Ochobre, Payares e Auientu. Para as trivialidades, que costumam ser um dos aspectos mais valorizados na expressão de uma língua: Munchas gracies/ Denada/ Como te llamas?/ Yo nun falo asturiano/Nun entendo/Almuerzu, xinta, cena. O garçom que nos atende, que pode perfeitamente ter o nome de Xuan, ficará muito satisfeito se o chamarmos corretamente, com a pronúncia “chuan”. Termino com um dos falsos amigos (palavras que nos enganam, parecendo ter um significado que, na realidade, é distinto do imaginado; dedicaremos mais à frente um Post só para esses bandoleiros); em asturiano arrogante significa “generoso”. Que planeta é esse?
Figuras de linguagem
Assonância: repetição do som de uma vogal: A mágica presença das estrelas; ardem na alvorada as matas destroçadas; sou um mulato nato.
Adinaton; enumeração de fatos impossíveis, hipérbole exagerada: Quando as galinhas tiverem dentes; nem que a vaca tussa; quando chover canivete.
Frase para sobremesa: Não temos como resistir à menção de diversas frases do inspirado orador e escritor Winston S. Churchill. Caros leitores, considerem como se estivéssemos servindo pequenas trufas de sobremesa: Fanático é alguém que não muda de ideia e não muda de assunto; Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir; A maior lição da vida é a de que, às vezes, até os tolos têm razão; A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que foram tentadas; Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.
Bom descanso!