Post 29

Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

1946: Herman Hesse (1877-1962): Trata-se de um dos escritores alemães mais conhecidos em todo o mundo, principalmente pelas suas obras relacionadas à espiritualidade oriental. Nascido em uma família de missionários protestantes, que haviam trabalhado algum tempo na Índia, Hesse, ainda adolescente, recusou a religião cristã, rompeu com a família e emigrou para a Suiça, onde já havia vivido alguns anos na infância, junto com os pais e irmãos. A adolescência foi uma fase difícil para o escritor, perturbada por episódios de depressão e até por uma tentativa de suicídio. Na Suiça ele trabalhou como operário e depois como livreiro. Sua primeira obra foi uma coleção de poemas, publicado quando tinha 22 anos. Seu segundo livro, o romance Peter Carmezind, trouxe um inesperado sucesso para o escritor de apenas 26 anos. Em 1911 Hesse faz sua primeira grande viagem à Índia, quando a mente já estava madura para se sensibilizar com a intensa espiritualidade do país.

Guardando intervalos relativamente longos, de três a cinco anos, Hesse lançou uma sequência de best-sellers que o consagrou como escritor de envergadura mundial. Demian (1917), que muitos consideram como sua maior obra, seguido de Sidarta (1922), O Lobo da Estepe (Der Steppenwolf, 1927), seu primeiro livro a ser traduzido no Brasil e Narciso e Goldmund (Narziss und Goldmund, 1930).  Comparativamente com outros autores ganhadores do Nobel, Hesse não produziu um grande número de obras, talvez priorizando mais a qualidade do que a quantidade (mas, ora, outros laureados, a exemplo de Saramago, conseguiram cobrir muito bem os dois aspectos). Na década de 60 seus livros recebem uma enorme acolhida nos EUA e, também, no Brasil. Em resumo, Hesse foi o autor europeu mais lido e traduzido no século XX, com as portas do prêmio Nobel lhe sendo abertas em 1946, quando ele tinha, portanto, 69 anos. Note-se que Hesse já havia se naturalizado suíço em 1923, logo para qual país vai a comenda, Suiça ou Alemanha? Não tenho a resposta. Nesse mesmo ano, mas alguns meses antes, ele havia recebido o muito prestigiado Prêmio Goethe, que contempla, em intervalos trienais, personalidades do mundo das artes e das ciências. Na sua lista de laureados despontam escritores como Gerhart Hauptmann (Nobel em 1912), Thomas Mann (Nobel em 1929), Wisława Szymborska (Nobel em 1996), Amos Oz, além de pensadores e cientistas, como Albert Schweitzer (Nobel da Paz em 1952), Sigmund Freud (quem não o conhece, quiçá seja mais popular do que todos os outros juntos), Max Planck e até um dos maiores cineastas da história, Ingmar Bergman (se houvesse um Nobel do Cinema ele seria destaque obrigatório).  

Hesse era um fervoroso inimigo do nazismo, mas foi cobrado por ter assumido tal posicionamento um pouco mais tarde do que o esperado. No entanto, ele se empenhou pessoalmente em ajudar dois de seus conterrâneos, ambos escritores maiúsculos, Bertolt Brecht (1898-1956) e Thomas Mann (1875-1955), a viajarem para o exílio no início da Segunda Guerra Mundial.         

As línguas da Espanha (I)

Neste Post iniciamos a apresentação de uma longa série de idiomas, o que é um dos claros objetivos do site “Literatura e Idiomas.” As fontes de consulta são muito variadas, com ênfase para informações retiradas da Internet, notadamente a Wikipedia em português e inglês, além de pesquisas no meu acervo pessoal. Destaco aqui dois sites que são de grande utilidade para os interessados no conhecimento de idiomas: Omniglot, no qual são apresentadas palavras e expressões em centenas de idiomas, e os vídeos MOPC, muito bem elaborados na apresentação de várias dezenas de línguas, incluindo-se sempre um relevante apanhado histórico.     

Inicialmente serão abordadas as principais línguas existentes na Espanha. Não é objetivo do nosso Blog avançar no ensino dos idiomas mais conhecidos, pois, para tal, existe uma miríade de cursos presenciais ou pela Internet, ou seja, quem pensar em aprendê-los tem todas as portas abertas, basta querer. Desta forma, não será feita a apresentação das características da língua espanhola, assim como do francês, do inglês, do italiano e do alemão, que julgamos serem os idiomas de maior disseminação junto ao público brasileiro.

Uma dúvida frequente se refere à diferença entre os termos para a designação do idioma, quais sejam, Espanhol e Castelhano. Não há qualquer diferença. Ambos são nomes historicamente distintos, mas que expressam o mesmo conceito. O nome castelhano é derivado do fato de que o primeiro uso sistemático da língua proveniente do latim vulgar ocorreu no século XIII no reino de Castela. Com a evolução da formação do país preferiu-se então usar o termo espanhol para a designação do idioma, o que vem sendo adotado até hoje como sua nomenclatura oficial. Observa-se que, no século XIX, quando ocorreu o amplo processo de independência dos países latino-americanos, muitos deles preferiram abraçar a denominação de “castelhano” para a língua espanhola, buscando-se assim um afastamento em relação aos antigos dominadores. São, portanto, duas faces de uma mesmíssima moeda.

A língua catalã

O catalão pertence ao ramo ibérico das línguas derivadas do latim, as quais são aquelas que apresentam uma maior proximidade com nosso idioma português. O catalão, assim como todas as outras línguas regionais da Espanha, foi proibido, durante a ditadura do General Franco (1939-75), de ser ensinado, escrito e falado, portanto só estavam liberados os sonhos e os pensamentos, pois esses nenhuma força do mundo pode impedir. Atualmente o catalão é uma língua conhecida e falada por cerca de dez milhões de pessoas, cuja maioria está concentrada na região da Catalunha (oficialmente Comunidade Autônoma da Catalunha), cuja capital é a conhecidíssima cidade de Barcelona. As comunidades autônomas da Espanha, em número de 17, equivalem aproximadamente aos nossos estados brasileiros. Sabe-se que existe um forte movimento para a independência completa da Catalunha, sem dúvida, um processo complexo, o qual pode ainda tardar muitos anos, se é que ocorrerá. Além disso a língua catalã também é falada na Comunidade Autônoma de Valência, localizada ao sul da Catalunha. Muitos linguistas, todavia, consideram o valenciano como sendo uma língua própria, ao passo que outros o qualificam como uma variante dialetal do catalão. Para complicar essa questão existe a Academia de Língua Valenciana que estabelece uma divisão territorial, dentro da própria Comunidade de Valência, entre as línguas catalã e valenciana. Ambas são absolutamente semelhantes, apresentando apenas as naturais variações de sotaque. Lembremos que os sotaques ou acentos não configuram de forma alguma a formação de dialetos, tratando-se tão somente de hábitos fonéticos que podem variar no âmbito de países, de regiões, de cidades e até mesmo de bairros.

O catalão é o idioma oficial do Principado de Andorra, um pequeno país (área: 480 km2, 80.000 habitantes) encravado nos montes Pirineus, entre a Espanha e a França. Ele é falado também nas Ilhas Baleares, região espanhola formada por quatro ilhas principais (Maiorca, Minorca, Ibiza e Formenteira), além de numerosos atóis e ilhotas. O nome “Baleares” é derivado do latim baliarides, associado a balear (atacar com balas), dado que os habitantes originais pareciam ser muito hábeis no manejo da funda, também chamada de estilingue.  Na cidade francesa de Perpignan (no Departamento dos Pirineus Orientais) localizada bem próximo à fronteira com a Espanha, o catalão é idioma cooficial, juntamente com o francês.

Outro local onde é falado o catalão é a cidade de Alghero, situada na costa oeste da Sardenha, uma ilha italiana no Mediterrâneo. Para tal existem razões históricas, devido à presença da Coroa de Aragão (espanhola, de língua catalã) na Sardenha até o século XIV. A região de Alghero foi a parte da ilha que ficou mais tempo tendo contato com o catalão, levando à formação de um dialeto conhecido como alguerês, que é o mais divergente dos dialetos catalães, ou seja, um barcelonense que for passar as férias no paraíso turístico de Alghero não terá dificuldades em pedir uma cerveja e pagar a conta, mas nunca conseguirá discutir filosofia com os hospitaleiros habitantes locais (continua no próximo Post).    

Figuras de linguagem

Diácope: Consiste na repetição da palavra, tendo outra de permeio, ou seja, forma-se um sanduíche verbal: Triste vida, triste sorte. Todos os leitores devem estar familiarizados com a diácope mais famosa do cinema: My name is Bond, James Bond.

Merisma: É a divisão de um tema em partes distintas: Senhoras e senhores. O celebrante de um casamento provavelmente não sabe que utiliza um conhecido merisma nas cerimônias por ele conduzidas: …na saúde e na doença…

Frase para sobremesa: Singela homenagem a Herman Hesse: Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba.

Bom descanso!

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