Post 27

Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

De 1940 a 1943 não houve a concessão do prêmio: o mundo estava muito mais preocupado com a guerra do que com a literatura.

1944: Johannes Vilhelm Jensen (1873-1950): Jensen foi, até agora, o último dinamarquês, de um total de três, a ser contemplado com o Nobel de Literatura. Filho de um cirurgião veterinário, ele aprendeu com o pai, desde criança, os fundamentos da Teoria da Evolução de Charles Darwin (1809-82), o que iria marcar fortemente o conteúdo de suas principais obras. Jensen, que cresceu em um ambiente tipicamente rural, mudou-se, no início da idade adulta, para a capital Copenhagen com o intuito de estudar Medicina na universidade homônima, a principal do país. À semelhança do seu antecessor de premiação (Frans Sillanpää), ele também abandonou os estudos universitários para se dedicar apenas à escrita. Retorna à sua região natal, Himmerland, uma península no nordeste da Jutlândia (para quem não tem na cabeça o mapa da Dinamarca, vejam na Internet como ele é curioso, parece um choque de ilhas que foram se acomodando, aliás, essa deve ser a explicação geológica) e continua a escrever intensamente. É de lá que brota uma de suas melhores obras, a bela sequência de contos intitulada “Histórias do Himmerland” (Himmerlandshistorier), escritos entre 1898 e 1910, um regalo para quem aprecia a boa leitura. Para variar nos temas, Jensen escreve, de 1901 a 1902, um denso romance histórico “A queda do rei” (Kongens Fald), que aborda a vida de Cristiano II, século XVI, o último rei dos três países escandinavos da Dinamarca, Suécia e Noruega. Esta obra foi considerada, em consulta aos críticos literários, como sendo o melhor livro dinamarquês do século XX.

Em 1906 Jensen introduz o poema em prosa na literatura dinamarquesa. Jensen, que publicou mais de 80 livros, começou então sua obra mais grandiosa: “A longa jornada” (Den lange rejse), redigido de 1908 a 1922 (um bom exemplo para sensibilizar os autores muito apressados). Trata-se de um ciclo de seis romances apresentando a alternativa darwiniana ao mito bíblico do Gênesis e recontando a história da humanidade desde a Era do Gelo até a descoberta das Américas. Já absolutamente consagrado como escritor, Jensen passa a se dedicar também ao Jornalismo, empreendendo muitas viagens ao redor do globo.

Jensen, considerado como o pai do Modernismo dinamarquês, relatou ter sido bastante influenciado por dois gigantes da literatura alemã: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Heinrich Heine (1797-1856). Ele foi indicado ao prêmio Nobel de Literatura em todos os anos desde 1931 até 1944, quando finalmente chegou a sua vez. Na opinião de diversos críticos e jornalistas, a concessão do prêmio a Jensen foi também um gesto de apoio moral à Dinamarca no período da Segunda Guerra Mundial (mais uma semelhança com Sillanpää, só que com relação à Finlândia, v. o Post anterior). Devido ao conflito não houve a tradicional cerimônia de premiação em Estocolmo, ou seja, o discurso do laureado foi enviado por carta (se fosse atualmente poderíamos ter tido um evento on-line, pobre Jensen). Destaca-se, aliás sem nenhuma grande importância, que tanto o prenome quanto o último nome do contemplado são absolutamente triviais na Dinamarca, portanto uma eventual pesquisa na Wikipedia deve ser conduzida com o ortônimo completo do escritor sob pena de encontrarmos uma fascinante diversidade de famosos Johannes Jensen.  

Origem do nome Brasil

Está aí um assunto controverso, o qual provavelmente nunca será resolvido a contento. Mas vamos lá tentar jogar um pouco de luz sobre o tema.          

A primeira versão, que a maioria dos leitores certamente estudou na escola, refere-se à forte presença da árvore pau-brasil (Caesalpina echinata) no território do nosso país, sendo o nome, portanto, emprestado para designar a nação brasileira. Essa madeira possui uma intensa cor avermelhada, lembrando a brasa de um fogo, palavra certamente de origem latina (espanhol: brasa; francês: braise: italiano: brace). Registra-se também um cognato vindo do fenício (língua semita semelhante ao hebraico) barzel, que tem o significado de ferro, um metal de cor avermelhada. Em tupi-guarani a árvore é chamada de ybirapitanga (ybira: árvore, vejam a etimologia de Ibirapuera: árvore podre, brejo e pitanga, vermelho, tal qual o nome da fruta). As pessoas que comercializavam essa árvore, muito útil para a fabricação de tintas, eram denominadas de “brasileiros”. Até aqui, tudo tranquilo, no entanto podemos esmiuçar um pouco mais: a designação de um país em função do seu produto não segue a ordem natural da etimologia, pois normalmente temos a situação contrária, qual seja, a denominação de um produto em função de sua origem, p. ex. castanha do Brasil, galinha de Angola. E por que a árvore se chamava pau-brasil? Muito mais correta seria a nomenclatura de pau-brasa. E o gentílico (ou adjetivo pátrio) de brasileiro é o único no idioma português que termina com o sufixo –eiro. Muito estranho. Apelemos para a lógica, mão salvadora em situações de dúvida: parece ser mais razoável que, primeiramente, houvesse o nome do Brasil, para que, em seguida, a madeira fosse batizada de pau-brasil. Como não é isso o que a história nos ensina, ou nós estamos loucos ou a história está equivocada.

Vamos à segunda opção. Existem variados relatos cartográficos, desde o século XIV, que indicam a presença, a oeste da Irlanda, de uma ilha conhecida como Brazil. Como ela, de fato, já não existe na atualidade, desdobram-se duas possibilidades: ou ela era um mito, uma ilha fantasma, conforme apontam diversos registros históricos, ou então ela pode ter submergido em decorrência de algum movimento geológico, como um terremoto. De qualquer maneira, temos de conferir alguma credibilidade a um nome que surge em dezenas de mapas oriundos de épocas variadas. Para a origem do nome dessa ilha existem algumas teorias, dentre elas a mais aceita é a proveniência do celta bress (de onde derivou o inglês bless, portanto “ilha abençoada”). Perdoem-me por publicar um Post que aporta mais dúvidas do que certezas, mas esse pode ser um lugar-comum quando lidamos com idiomas.          

Figuras de linguagem

Plebeísmo: São as expressões típicas do dialeto de falas populares (ou gírias). Será que precisamos de exemplos? Corre o risco de alguns deles já estarem até desatualizados: avacalhar; aporrinhar; de saco cheio; pode crer; pintei no pedaço e o onipresente na linguagem juvenil: oi, véio, que talvez esteja com os seus anos contados.

Hipotaxe: Frase em que uma oração é livre e a outra dependente, às vezes com a omissão da conjunção subordinativa: Se o céu estiver coberto de nuvens cinzas, choverá; pediu-lhe não revisasse o que estava fazendo.

Frase para sobremesa: Somente uma humanidade totalmente racional, sem emoções, poderia realizar a paz perfeita (Sigmund Freud, 1856-1939)

Bom descanso!

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