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Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

1931: Erik Axel Karlfeldt (1864-1931): Conhecido poeta sueco, Karlfeldt foi um dos nomes mais fortes do simbolismo europeu. Este movimento literário, que tem o francês Charles Baudelaire (1821-1867) como uma das maiores expressões, notadamente pela sua icônica obra “As flores do mal” (Les fleurs du mal, 1857), significou uma reação ao realismo, propondo uma versificação livre e com a incorporação de traços de misticismo. Os poemas de Karlfeldt lidam especialmente com o ambiente rural da Suécia. Nascido como Erik Axel Eriksson, ele alterou o sobrenome para Karlfeldt (denominação da fazenda da família) para se distanciar do pai que havia sofrido uma severa condenação penal. 

Após completar os estudos na famosa Universidade de Uppsala, Karlfeldt ocupa, por cinco anos, uma posição na Biblioteca Real da Suécia, sendo posteriormente convidado para ser o secretário permanente da Academia Sueca, a poderosa instituição responsável pelas escolhas dos Prêmios Nobel. Embora permaneçam algumas dúvidas, comentou-se que ele havia sido contemplado em 1919, mas recusara a medalha devido à sua posição como funcionário da Academia, o que parece ter sido uma decisão coerente e justa. Karlfeldt recebeu a láurea do Nobel a título póstumo, o que se constitui no único caso dessa natureza na cronologia dos prêmios.  

1932: John Galsworthy (1867-1933): um nome bastante famoso nos círculos literários, Galsworthy nasceu em uma aristocrática família inglesa, o que, de certa forma, facilitou o desenvolvimento da sua carreira de escritor. Formado em Direito pela Universidade de Oxford – por si só um valioso cartão de visitas – Galsworthy preferiu cuidar da agência de viagens da família e sair pelo mundo buscando inspiração para seus livros.

Suas primeiras publicações foram na forma de contos, que ele escrevia sob o pseudônimo de John Sinjohn. Só a partir de 1904 ele passou a assinar seu nome real como autor de uma grande sequência de publicações de romances, crônicas e peças de teatro. Um dos temas preferidos de Galsworthy é a luta pelos direitos da mulher e, associado a isso, a posição das mulheres em casamentos infelizes. Durante a Primeira Guerra Galsworthy, em um surpreendente rasgo humanitário, trabalhou por curto tempo como enfermeiro em um hospital francês. Sua obra máxima, reconhecida como um dos romances mais impactantes do século XX e mencionada pela Academia Sueca na justificativa da concessão do prêmio Nobel, é “A família Forsyte” (The Forsyte saga) uma trilogia publicada em 1922, a qual descreve a trajetória da referida família por algumas gerações. Galsworthy levou a sério a recomendação de nunca se ter muita pressa na preparação de um livro, de tal sorte que a escrita se estendeu por quinze anos (1906 a 1921).  

Galsworthy devia ser uma pessoa de convicções muito firmes, já que recusou, por motivos de foro íntimo, a distinção de “cavaleiro“ (knighthood), também conhecida pelo título de Sir, que lhe seria conferida pela monarquia inglesa em 1918. Sua justificativa foi a de que “a recompensa de um escritor vem simplesmente pelos seus escritos, nada mais é necessário”. De forma coerente com esse preceito, Galsworthy, que não pôde comparecer à entrega do Prêmio Nobel por motivo de enfermidade, doou o valor monetário recebido para o PEN Club, associação internacional de escritores, da qual ele foi o primeiro presidente. Sete semanas após a concessão do prêmio ele veio a falecer, tendo sido cremado e as cinzas lançadas de um avião. No rol dos escritores contemplados com o Nobel de Literatura, esta é uma das pessoas que eu mais gostaria de ter conhecido. 

Figuras de linguagem

Prolepse ou Antecipação: antecipação de um argumento ou réplica em relação a uma esperada objeção: E estas calças, veja em que estado deixou estas calças …(José Saramago, Todos os Nomes); Sim, sou romântico – Você dirá que pertenço a outro mundo, não. A prolepse também pode indicar o uso de um pronome antes de dizer a que ele se refere: Ninguém o escutou, o pobre homem; Eles não foram longos, os anos de prosperidade.

Hipófora: repetição de objeções e argumentos contrários, antes de os rebater. Os exemplos aqui são dispensáveis, dado que a hipófora é muito comum em debates, conferências e discursos políticos.  

A fonética do francês: a aterradora pronúncia do “s” final das palavras

Muitos de vocês certamente falam e escrevem em francês ou já estudaram essa língua em alguma época da vida. Do século XVIII até a metade do século XIX o francês era o idioma geral da diplomacia e das comunicações formais entre os países, sendo posteriormente substituído pelo inglês. Não há dúvidas de que a fonética do português pode causar dificuldades aos estrangeiros que aprendem a nossa língua, mas o caso do francês, particularmente a pronúncia do “s” final das palavras, atinge as raias de um pesadelo. Senão vejamos:

Palavras em que o “s” final é pronunciado: Jonas, Roland Garros, Calvados, Stanislas, Méliès (um dos criadores da arte cinematográfica), Marguerite Duras (escritora), Jonathas, Regis, Pétrus (para quem gosta de vinho), Cassis (o famoso licor), Clovis, lys (lírio), ananas, jadis (antigamente), un os (um osso).

Palavras em que o “s” final não é pronunciado: Nicholas, Thomas, Georges, Dennis, Degas (o pintor), Dumas (o escritor), Chablis (o vinho), cadenas (cadeado), les os (os ossos, leia-se lezô), jus (suco).

Concordam comigo?

Frase para sobremesa: Não existem argumentos lógicos para demonstrar que a existência inteira não seja um longo sonho, interrompido, todas as noites, por outros sonhos mais curtos (Arthur Schopenhauer, 1788-1860)

Bom descanso!

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