Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1929: Thomas Mann (1875-1955): Um dos gigantes da literatura mundial, Mann (pronuncia-se “man” e não “men”, como alguns o fazem) nasceu em Lübeck, no norte da Alemanha. Era filho de um comerciante e teve uma mãe brasileira: Júlia da Silva Bruhns, ela própria filha de um alemão, nascida em Paraty e que, aos sete anos de idade emigrou para a Alemanha. Para decepção dos admiradores brasileiros, Mann praticamente não comenta em suas obras essa sua filiação. Dada a peculiaridade da origem materna, esperava-se que ela fosse abordada em livros, contos, ou mesmo, entrevistas. A única menção ao topônimo Brasil aparece em seu último livro “As confissões de Felix Krull” (Bekentnisse des Hochstaplers Felix Krull), obra inacabada devido à morte do autor, em que o personagem principal, um vigarista chamado Felix Krull, menciona que talvez fugisse para a América do Sul, possivelmente o Brasil. Mas não vai ser por esse comportamento evasivo, causado provavelmente pela relação conflituosa com a mãe, que deixaremos de admirar um dos maiores romancistas do século XX.
Já tendo se mudado para Munique, Mann se tornou escritor na curta idade de 20 anos. De 1896 a 1898 passa a viver na Itália, onde já morava seu irmão Heinrich, também escritor, muito mais prolífico que Thomas e já bastante conhecido nos círculos literários. Foi na Itália que Thomas começou a redação de “Os Buddenbrook” (Buddenbrooks), livro editado em 1901, quando Thomas tinha apenas 26 anos. Na ocasião do recebimento do Nobel foi essa a obra destacada pelo júri e não aquela que é avaliada por muitos como sendo sua maior produção (mais de 1000 páginas): ”A montanha mágica” (Der Zauberberg, 1924). Conta a história que a editora alemã Fisher Verlag, uma das maiores da Europa, tentou convencê-lo a encurtar o extenso manuscrito de Buddenbrooks, que relata a história de uma família por três gerações. Thomas recusou-se a permitir qualquer modificação. Ele próprio tinha uma opinião fraca sobre o livro, julgando que passaria despercebido e que seria sua primeira e última obra. Na minha apreciação esse é o melhor livro de Thomas Mann, seguramente uma das obras máximas da literatura.
Thomas Mann casou-se em 1905, com 30 anos de idade, malgrado seus conflitos com a questão da homossexualidade, relatados abertamente nos seus diários e em diversas entrevistas. Uma de suas obras mais conhecidas, “Morte em Veneza” (Der Tod in Venedig, 1912) trata exatamente dessa questão. O livro foi adaptado ao cinema em 1971, com direção do aclamado Luchino Visconti. Thomas Mann gerou seis filhos, alguns dos quais também se converteram em escritores, mas naturalmente abafados pelo gigantesco peso do pai.
Na época da Primeira Guerra Mundial, Mann, que se apresentava como um forte patriota, se manifestou completamente favorável à entrada da Alemanha no conflito. Já nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, com o advento do Nazismo, Thomas Mann e família emigraram para a Suiça, o que o levou a perder a nacionalidade alemã. Em 1938 ele muda-se para os EUA, onde passa a atuar como professor convidado na célebre Universidade de Princeton, adquirindo a cidadania americana em 1944, já como uma personalidade internacional bastante conhecida, ao ponto de o Presidente Franklin D. Roosevelt sugerir seu nome para assumir o governo alemão na pós-guerra.
Com o aumento da perseguição aos intelectuais e comunistas (período do Mccarthismo) ele retorna à Suiça em 1952, onde fica até sua morte (1955), provocada por uma trombose. Merece elogios a qualidade da tradução de suas obras ao português feitas pelo alemão Herbert Karo, naturalizado brasileiro aos 41 anos de idade, contratado pela Editora Globo para realizar traduções dos livros de Mann, além de outros famosos escritores de língua alemã, como Hermann Hesse (Nobel em 1946) e Elias Canetti (Nobel em 1981).
Figuras de linguagem
Expletivo: elemento de caráter estilístico usado para realce: Olha só o que aconteceu; Foi-se embora; Quase que ela desmaia; A criança fez foi pirraça. Se tivermos paciência e ainda munidos de um desses equipamentos para contagem de pessoas ou veículos (como os porteiros de clube costumavam usar), podemos registrar talvez mais de mil expletivos por dia ao nosso redor. A língua portuguesa é particularmente afeta ao emprego generalizado de expletivos.
Exclamação: expressão do pensamento por meio de interjeições, quando se está sob a influência de qualquer sentimento: Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome!
Interrogação: pergunta estilística, sem intenção de resposta: Quanta mentira há num beijo? Quanto veneno?
Não confundam:
Já que a expressão “afeto a” foi usada um pouco acima, vamos lá:
Afeto a: que demonstra inclinação ou estima, dedicado, partidário, simpatizante (um escritor afeto à música clássica, aliás, como é o meu caso); que se destina a (recursos afetos à educação); subordinado a (decisões afetas ao juizado de menores)
Afeito a: acostumado, habituado.
Frase para sobremesa: Para resolver todos os problemas práticos da vida bastam os gestos e ações: é somente para significar o amor e o ódio que as palavras se tornam imprescindíveis (Jean-Jacques Rousseau, 1712-1778)
Bom descanso!