Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1928: Sigrid Undset (1882-1949): Escritora norueguesa, embora nascida na Dinamarca (de onde saiu aos dois anos de idade em mudança para Noruega), Undset é mais um exemplo de pessoas contempladas com o Nobel que não completaram um ciclo completo de estudos pré-universitários. Ela perdeu o pai quando tinha 11 anos, não restando recursos à família para o financiamento dos estudos na capital Cristiânia (que teve o nome mudado para Oslo em 1925). Undset dedicou dez preciosos anos de sua vida jovem (dos 16 aos 26) ao trabalho como secretária, o qual não lhe trazia nenhum contentamento. Começou a escrever aos 22 anos, tendo seu primeiro romance sido recusado pelas editoras, como foi a situação de tantos outros laureados com o Nobel. Apesar da sua falta de motivação em exercer a monótona função de secretária, Undset reconhece que tal emprego lhe proporcionou a oportunidade de entrar em contato com diversos tipos de pessoas, enriquecendo assim o conhecimento sobre as variações de personalidades. Muito observadora, ela apreciava andar a pé pela cidade, vendo e analisando os transeuntes desconhecidos que encontrava.
Seu segundo romance, publicado sem tantas dificuldades, tem uma frase de abertura que chocou a disciplinada sociedade norueguesa: “Fui infiel ao meu marido.” Logo em seguida ela recebe uma bolsa de estudos como escritora, o que alivia bastante a penúria financeira em que vivia. Começa a viajar pela Europa, ficando nove meses na Itália. Lá Undset conhece um pintor norueguês, com o qual se casa pouco tempo depois. Geraram três filhos (um deles com deficiência mental) que, somados aos também três filhos do primeiro casamento do esposo (também um deles deficiente), formavam uma grande família. Sob tais condições, Undset só conseguia escrever nas horas tardias da noite, quando todos estavam dormindo.
Seu salto como autora foi a publicação da trilogia “Cristina, filha de Lavrans” (Kristin Lavransdotter, 1920), um magnífico apanhado histórico sobre a vida na Escandinávia da Idade Média. Foi essa obra que alavancou a indicação do seu nome à Academia Sueca.
Em 1940 Undset abandonou a Noruega em função da tomada do poder pelos nazistas, emigrando para os EUA, onde permaneceu até 1945. Após ter perdido um filho na guerra, ela nunca mais “escreveu qualquer palavra”, nem mesmo em cartas.
Figuras de linguagem
Aposiopese: interrupção intencional de um enunciado com um silêncio brusco. É representada graficamente por reticências. Difere do anacoluto por apresentar uma interrupção sem conclusão. É considerada uma elegante figura de linguagem, pois pode se dizer mais sugerindo do que afirmando, além de se estabelecer uma relação de conivência com o leitor: Se tu soubesses como te amo…Não, é inútil, não o compreenderias! A rua deserta, eu e ela, nós dois sozinhos… Ou um verso de Camões: Mas moura enfim nas mãos de brutas gentes/Que pois eu fui…
Apóstrofe: interrupção súbita do discurso para dirigir-se a alguém: Bom dia, doutor. A seguir, leitor amigo, contarei a história. Deus, ó Deus, onde estás que não respondes? Não deve ser confundido com apóstrofo, que é um sinal gráfico (ex: caixa d’água). A apóstrofe é uma figura de linguagem (mais especificamente uma figura de pensamento), ao passo que o vocativo, que cumpre as mesmas funções, é uma função gramatical. Outro sentido de apóstrofe, embora correlato, é o de uma frase violenta com que se interrompe ou ataca alguém. Da mesma forma, existe o verbo apostrofar, como sinônimo de insultar: Apostrofou o vizinho, chamando-o de ladrão.
O que são palíndromos?
São frases ou palavras que se podem ler, indiferentemente, da esquerda para a direita ou vice-versa. Todos nós, que gostamos de letras, já brincamos alguma vez na produção de palíndromos. A maioria deles é formada por frases desprovidas de sentido, como a infame Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos ou uma mais ajuizada (Anotaram a data da maratona). Mas nenhuma se compara em elegância e criatividade com a frase em inglês: A man, a plan, a canal, Panama.
Frase para sobremesa: A natureza humana é limitada e sujeita ao erro; por isso a intolerância é sempre fruto da ignorância e presunção (François-Marie Arouet, dito Voltaire, 1694-1778)
Até a próxima!