Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1927: Henri Bergson (1859-1941): Filósofo e diplomata francês, Bergson revolucionou alguns dos conceitos tradicionais da filosofia. Em linhas gerais, suas obras são uma crítica às formas do determinismo, com uma forte afirmação da liberdade humana. Na corrente filosófica por ele criada há uma desmistificação do conceito do tempo, tradicionalmente associado à eternidade nas religiões e nos pensadores antigos. Ao destacar o caráter transitório do tempo, Bergson confere enorme importância à memória, já que “todos nós temos muito mais passado do que presente” e ao fato de que “toda sensação já é uma memória”. Outro componente que é abordado de forma inovadora por Bergson é a compreensão da intuição como método filosófico: “há coisas que só a inteligência é capaz de procurar, mas que por si só nunca achará. E essas coisas só o instinto as acharia, mas nunca as procura.”
Nascido em Paris, de mãe inglesa e pai polaco (de sobrenome Bereksohn), ambos de raízes judias, Bergson muda-se com a família para Londres, onde fica até os nove anos de idade, quando regressa a Paris. Licencia-se em Letras e completa um doutoramento em Filosofia na Universidade de Paris. À semelhança do seu conterrâneo Blaise Pascal (1623-62), também Bergson se mostra, a par da Filosofia, como um grande conhecedor da Matemática. Sua primeira publicação científica, quando tinha 18 anos, refere-se à solução de um complexo desafio matemático. Com 33 anos casa-se com Louise Neuberg, prima do celebrado escritor Marcel Proust, que foi inclusive um dos padrinhos nas bodas. Alguns anos depois Bergson inicia uma exitosa carreira como professor de Filosofia, recebendo honrarias acadêmicas em renomadas universidades a exemplo de Cambridge (Inglaterra) e Columbia (Nova Iorque). Como diplomata participa de discussões sobre a Primeira Guerra Mundial, exercendo influência sobre a decisão dos EUA em intervirem no conflito.
Devido a graves problemas de reumatismo, Bergson não pôde viajar a Estocolmo para a recepção do Prêmio Nobel. Em 1930 é condecorado com a maior honraria do governo francês, a Grande Cruz da Legião de Honra. Ao final da vida, aproxima-se do Cristianismo, mas reluta em se converter por preferir não abandonar a causa judaica. Morre de bronquite em 1941 na Paris ocupada pelos alemães.
Na aclamada pujança de obras filosóficas de Bergson, o “Ensaio sobre o Riso”(Le Rire: essai sur la signification du comique, 1899) não é certamente a mais destacada, sendo, no entanto, a mais divertida. De fato, é uma deliciosa leitura. Inserimos a seguir alguns extratos sobre um dos poucos livros que abordam tema tão caro ao ser humano.
O homem é o animal que ri. O riso é uma característica relacionada a seres humanos (por exemplo, não se ri de uma paisagem). Quando rimos de animais é pela similaridade com comportamentos humanos. O riso está ligado à rigidez física, à falta de agilidade (por exemplo, alguém tropeça e cai; se for proposital não desperta o riso). O riso está associado à insensibilidade e indiferença (o maior inimigo do riso é a emoção). Está também associado aos movimentos: quando alguém se assenta, uma cena trágica se transforma em comédia. Está ligado a exageros e absurdos (como no caso frequente de desenhos animados).
Figuras de linguagem
Antífrase: emprego de uma palavra com um sentido oposto ao verdadeiro. Pode, às vezes, ser confundida com Ironia (Post 14): Muito bonito! (Por que coisa feia!); quem foi o inteligente que…. O mais conhecido cantor de tangos, Carlos Gardel (1890-1935), era também chamado de El Mudo, em homenagem irônica à sua bela voz.
Gradação: disposição de várias palavras ou expressões que se enriquecem mutuamente em progressão ascendente ou descendente: É bom, é ótimo, é excepcional; eu era pobre, era um subalterno, era nada.
Concatenação: disposição em que a palavra se repete de uma oração na seguinte, emendando-se uma à outra: As preocupações trazem o aborrecimento, o aborrecimento traz a melancolia, a melancolia produz a solidão.
Não confundamos:
À medida que: à proporção que;
Na medida em que: uma vez que, visto que.
Frase para sobremesa: Jamais vivemos para o presente, vivemos um pouco para o passado e muito para o futuro. Assim, nunca vivemos, apenas esperamos viver. E dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos (Blaise Pascal).
Bom descanso!