Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1924: Wladisław Reymont (1867-1925): não é erro de digitação ou algum surto inventivo da minha parte, o fato é que essa letra L cruzada (ł) é de uso frequente em polonês, tendo o som próximo a um “u” (já me disseram que não adianta tentarmos, apenas os indivíduos nativos conseguem pronunciá-la corretamente). Quem tiver oportunidade de passear pelo belíssimo país, muito rico em história e, por consequência, em monumentos, igrejas, palácios, seguramente ouvirá a pronúncia local da moeda, que é o złoty (algo assim, muito aproximado, como “zuóti”). Voltemos ao Nobel.
Originário de uma família nobre decadente, Reymont foi educado para ser alfaiate, a mesma profissão de seu pai. Embora tenha completado o curso técnico em Alfaiataria – na verdade, seu único diploma em toda a vida – Reymont jamais exerceu o ofício. Trabalhou em estradas de ferro, tentou, sem nenhum sucesso, a carreira de ator e, mesmo com pouco dinheiro no bolso, viajou por grande parte da Europa. Começou a escrever histórias curtas na tendência de um realismo literário, o qual continuou por toda a sua produção futura. Reymond criticava particularmente os efeitos da crescente industrialização sobre a vida das populações mais pobres. Seu primeiro grande sucesso veio com o extenso romance “Camponeses” (Chłopi), escrito de 1904 a 1909. Sua ideia era terminar a obra em, no máximo, dois anos, mas devido a um acidente de trem, ele foi obrigado a interromper a redação por algum tempo (em compensação recebeu uma vultosa indenização por parte do governo polonês, o que lhe permitiu um conforto financeiro para o resto dos seus dias, assim é a vida). Este magnífico livro é apresentado em quatro volumes, cada um deles descrevendo a sofrida existência camponesa em uma estação do ano. Trata-se de um dos mais completos relatos sobre a vida rural encontrados na literatura europeia.
Há uma curiosidade em relação à grafia do seu sobrenome, que era originalmente Rejment. No entanto, como ele havia assinado na juventude um manifesto anticzarista distribuído na antiga região da Galícia (não confundam com a Galícia espanhola; essa aqui situava-se onde atualmente é o sudeste da Polônia e o oeste da Ucrânia, abrigando cidades como Cracóvia e Lviv) ele julgou prudente mudar o nome para Reymont. No ano de 1924, em que ele recebeu o prêmio Nobel, outros gigantes da literatura também haviam sido indicados: Thomas Mann (escolhido em 1929), George B. Shaw (contemplado em 1925) e Thomas Hardy (nunca foi laureado). Reymont, de saúde frágil, não compareceu à entrega do laurel em Estocolmo por problemas no coração, vindo a falecer um ano depois.
Figuras de linguagem
Hipérbole: exagero na afirmação, com o objetivo da ênfase: morrer de medo; estourar de rir; já falei isso mil vezes (de fato, nós, brasileiros, somos muito hiperbólicos em relação ao resto do mundo).
Lítotes: é o oposto da hipérbole, consistindo em uma afirmação branda por meio da negação do contrário (trata-se de outro lugar-comum nas nossas conversas): ele não é nada bobo; ele (ou ela) não está em seu juízo perfeito; ele não ficou nada contente. Na língua inglesa á comum a expressão it’s not unusual.
De o ou do (De a ou da)
Apesar desse título parecer um pouco confuso, a explicação do tópico é muito simples. Nada melhor do que alguns exemplos:
Apesar da crise, cresceremos no próximo ano
Mas, quando o elemento posterior à preposição funciona como sujeito, ela deve ser separada do artigo:
Apesar de a crise ainda existir….; está na hora de os alunos descansarem.
Mais pequeno
Tal comparação, comum em Portugal, costuma nos assustar, mas, às vezes, indevidamente. Senão, vejamos:
Aceitável quando se comparam tamanhos: meu carro é mais pequeno que o teu.
Não aceitável quando se comparam grandezas expressas por números: a distância entre Lisboa e Porto é menor que entre Rio e São Paulo (nunca mais pequena)
Mais grande? Fujam dele, é de doer os ouvidos. Mas, que tal uma boa exceção?: Esta casa é mais grande que confortável e quaisquer outras comparações similares.
Que língua é essa?
Postado no Instagram em 17/12/22 (Foto do autor)
Este curiosíssimo alfabeto é do amárico, uma língua semita (mesmo grupo do hebraico e do árabe) que é o idioma oficial da Etiópia.
Frase para sobremesa: Nós nos afiguramos o futuro como um reflexo do presente projetado no espaço vazio, ao passo que ele é com frequência o resultado de causas bem próximas que, na maioria, nos escapam. (Marcel Proust,1871-1922, A Fugitiva)
Bom descanso!