Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1923: William Butler Yeats (1865-1939): considerado como sendo o poeta nacional da Irlanda, Yeats (pronúncia: iaits) desenvolveu grande parte de sua obra com base em mitos e folclores irlandeses. Embora tenha sido um dos principais artífices do Renascimento Literário Irlandês, ele reprovava o estilo modernista do verso livre, preferindo utilizar as formas poéticas tradicionais. Como não era raro na época, Yeats e seus irmãos foram inicialmente educados em casa. Seus primeiros poemas, escritos na idade de 18 anos, foram publicados em revistas de universidades. Em 1889 apaixonou-se por Maud Gonne, atriz, herdeira de uma grande fortuna e ardente nacionalista, da mesma maneira que Yeats também o era. Reza a história que Maud foi pedida oficialmente três vezes em casamento (e talvez mais umas dezenas de vezes de forma não oficial), tendo sempre recusado. Conta-se também que, em 1917, portanto com 52 anos de idade, ele voltou à carga, mas desta feita com a filha de Maude, que também declinou da proposta de casamento. De fato, Yeats devia ser um escritor bastante persistente.
Um ano antes do recebimento do Nobel, Yeats tornou-se Senador da República (concordo com vocês em como é feliz a nação que tem como um de seus senadores um laureado com o Nobel de Literatura; antes de fechar o parêntese: o primeiro presidente da República da Irlanda, Douglas Hyde, que governou de 1938 a 1945, era, além de político, um aclamado escritor, linguista e professor universitário da língua gaélica, o idioma original da Irlanda). Na fase mais madura de sua vida, Yeats passou a se dedicar com mais intensidade a um amplo misticismo, incluindo as facetas do hinduísmo, espiritismo e ocultismo. Cabe ainda destacar que Yeats foi um dos fundadores do renomado Teatro Nacional da Irlanda, mais conhecido como Abbey Theatre. Já sofrendo de um conjunto de enfermidades, ele acabou falecendo na cidade francesa de Menton, onde foi provisoriamente enterrado. Conforme seu desejo expresso, os restos mortais foram posteriormente levados até a cidade irlandesa de Sligo, onde ele passara infância e adolescência. Seu epitáfio, conhecido pelo lirismo, é a parte final de um dos seus poemas. Como se trata de versos, prefiro colocar aqui o texto original, seguido da tradução: Cast a cold eye on Life, on Death; Horseman, pass by! (Lança um olhar gélido à Vida, à Morte; Cavaleiro, segue em frente!)
Figuras de linguagem
Epânodo: é a repetição, em separado, de termos anteriormente juntos. Muito usada nos Evangelhos e em textos sagrados para conferir ênfase ao texto. A etimologia do nome vem do grego epánodos (retorno): A nuvem tem relâmpago, tem trovão e tem raio: relâmpago para os olhos, trovão para os ouvidos e raio para o coração (Pe. Antônio Vieira, 1608-1697, Sermão da Sexagésima). Este magnífico sermão é um deleite para quem aprecia a riqueza do vocabulário e as belas construções sintáticas da língua portuguesa. E por que sexagésima? Ora, trata-se de sermão para o segundo domingo do período litúrgico que antecede a Quaresma (40 dias), portanto aproximadamente 60 dias antes da Páscoa.
Epanalepse: repetição interna de palavras ou expressões. Por exemplo, a conhecida frase francesa: le roi est mort, vive le roi. Em português ela é usada como “rei morto, rei posto”. Ou então, para não deixarmos o Pe. Antônio Vieira sair sem uma despedida: Divertem-nos a atenção dos pensamentos, suspendem-nos a atenção aos cuidados, prendem-nos a atenção os desejos, roubam-nos a atenção os afetos (Sermões I).
Uso de expressões com as palavras frente e face
Deve ser evitado: face a; à frente de; em frente de. Em seu lugar recomenda-se utilizar em face de.
Deve ser evitado: frente a. Recomendado: de frente para.
Assim são as línguas, onde pequenas regras ajudam a manter o estilo castiço do texto.
Plural majestático
Também chamado “plural de modéstia”. Como o nome indica, em sinal de deferência e humildade para com o(s) interlocutor (es), é usada a primeira pessoa do plural em lugar da primeira pessoa do singular ou então a segunda pessoa do plural em lugar da segunda pessoa do singular. Nele existe, portanto, uma concordância gramatical irregular, conhecida por “silepse de número” (V. Post 4). Tal prática foi iniciada na Roma Antiga, quando os imperadores e aristocratas se esforçavam por uma proximidade maior com o povo. Na Idade Média foi largamente utilizada por reis e papas, caindo gradativamente em desuso. Atualmente, o plural majestático pode ser encontrado em discursos políticos ou em construções literárias. Em inglês esta marca de linguagem é chamada de royal we. Alguns exemplos (atenção, revisores, é assim mesmo):
Fomos surpreendido…; estamos confiante…; sejamos breve…; sentimo-nos honrado.
Bastante estranho, além de soar muito mal. Serve apenas como desculpa para algum eventual tropeço de concordância (será que alguém consegue fazer isso?), quando o emissor pode se justificar alegando o uso voluntário do plural majestático (mas há de ser feito com muita convicção!).
Frase para sobremesa: Se Deus é bom, quem criou o mal? (ou, em latim, Unde malum, isto é, de onde vem o mal?). O mal, em si mesmo, não existe, é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz. (Santo Agostinho de Hipona, 354-430).
Bom descanso!