Post 9

Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

1917: Chegara a vez da Dinamarca subir ao palco e ainda em dose dupla. Dois escritores, nascidos no mesmo ano (1857) foram os contemplados:

Karl Adolph Gjellerup (1857-1919): vinculado ao período da Revolução Moderna na literatura escandinava, Gjellerup rompeu com os naturalistas e entrou no círculo dos novos românticos. A classificação de autores nas diversas escolas da literatura deve ser entendida como uma mera aproximação nos principais conceitos defendidos pelos vários grupos. Muitos escritores – e Gjellerup foi um deles – não se enquadravam de modo absoluto nas diversas molduras disponíveis. Na maior parte das vezes existe um pouco de uma, um pouco da outra e, ao final, o que vale mesmo é a consideração de uma tendência geral.

Gjellerup sempre se mostrou bastante atraído pela cultura alemã, inclusive na escolha de sua esposa. Com 35 anos mudou-se em definitivo para a Alemanha, onde viveu até o final da vida, ou seja, por mais 27 anos. Tal situação fez com que muitas pessoas, inclusive na Dinamarca, pensassem que ele era um escritor alemão. A escolha de seu nome para recebimento do Nobel em 1917, juntamente com um compatriota, foi recebida com pouco entusiasmo e limitadas manifestações de orgulho. Gjellerup era fluente em alemão, falando e escrevendo como um nativo. A maior parte das traduções de seus livros para o alemão foi feita por ele próprio. Na fase mais madura de sua vida ele passou a ser fortemente influenciado pelo budismo, o que se refletiu em uma de suas obras mais conhecidas, O peregrino Kamanita (Pilgrimen Kamanita). Este livro conta a jornada de Kamanita pelo sul da Ásia, sua incessante busca pela verdade, as reflexões sobre morte e reencarnação e o encontro com Buda, sem que ele soubesse quem era seu interlocutor. A versão traduzida para o tailandês fez parte, durante muitos anos, da lista de livros escolares adotados nas escolas do país.

Henrik Pontoppidan (1857-1943): escritor muito crítico ao tradicional estilo de vida dinamarquês sob o regime dos conservadores, foi um mestre na ampla descrição da sociedade, ao estilo naturalista de Balzac e Zola. Interrompeu o estudo de Engenharia Civil, desgostoso por ter sido preterido em uma expedição universitária à Groenlândia, ainda hoje uma dependência dinamarquesa. Sentindo-se injustiçado na sua pretensão de se tornar famoso com essa aventura, ele preferiu abandonar o curso. O colega que foi em seu lugar veio a falecer durante a viagem, ao passo que Pontoppidan alcançou fama mundial nos anos posteriores. Como já dizia em outro Post, é a roda da vida, a qual não logramos explicar.

A etimologia do sobrenome Pontoppidan merece um breve comentário. O nome original da família era Brodby, o que significaria algo como “ponte na cidade” (de bro, ponte em dinamarquês, mesma raiz de bridge em inglês). No entanto, seguindo-se uma tradição burguesa, detestada por Pontoppidan, muitas famílias dinamarquesas preferiam latinizar o sobrenome. Por quê? Ora, óbvio, porque era chique.  Desta forma foi obtido o vernáculo Pontoppidan, derivado de pons oppidum, ou seja, “ponte na cidade” em latim. Já pensaram se essa moda começa a pegar no Brasil?  Um dos seus livros mais conhecidos é Lykke-Per (Lucky Peter na versão em inglês). É o relato da vida de um engenheiro que deixa o ambiente rural para buscar riqueza e sucesso na capital dinamarquesa. A obra foi transposta para o cinema pelo premiado, e muito competente, diretor dinamarquês Bille August. No Brasil, ela recebeu o título de “Um homem de sorte”. Não é objetivo deste site dar referências sobre filmes – na verdade nem sei onde iríamos parar caso ousássemos cumprir esse percurso – mas, de qualquer forma, fica aqui a indicação de uma ótima película. Uma última curiosidade: um dos filhos de Pontoppidan emigrou para o Brasil, fixando-se e constituindo família no Espírito Santo. Seu nome era Steffen Brodby Pontoppidan (1896-1958), contendo, portanto, as duas versões do sobrenome   

Figuras de linguagem

Homeoteleuto: identidade fonética das terminações nas palavras finais de um texto, ou seja, é a rima na prosa: quem rouba a ladrão tem cem anos de perdão.

Homeoptoto: emprego de vários verbos no mesmo tempo ou de várias palavras exercendo as mesmas funções: a virtude é uma qualidade negativa: não se vê, não se sabe, nada significa; as Olimpíadas traçam o perfil da vida de um povo, de sua educação física e escolar, de sua saúde.

Para não confundir:

País: território geograficamente delimitado;

Estado: conjunto das instituições que controlam e administram uma nação;

Pátria: país em que se nasce, representa a realidade afetiva;

Nação: retrata a união por identidade de origem; por exemplo: as nações indígenas; a nação cigana; a Suiça é um país com diversas nações (falantes de alemão, francês, italiano e reto-romano).

Frase para sobremesa: A morte não deve ser fonte de temor: quando ela está presente nós não estamos, quando estamos presentes ela não está (Epicuro, 341-270 a.C.)

Até a próxima!

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