Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1914: Não houve entrega do prêmio devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
1915: Romain Rolland (1866-1940): o escritor francês recebeu o Prêmio Nobel na jovem idade de 49 anos, conservando o laurel por 29 anos. Um dos literatos mais conhecidos da Europa, Rolland era novelista, biógrafo (escreveu livros sobre as vidas de Beethoven, Gandhi, Michelangelo, Tolstoi, Haendel, dentre outros) e músico, tendo assumido por muitos anos a cátedra de História da Músicana Sorbonne. Uma das características mais marcantes deste grande intelectual era a sua correspondência com diversas personalidades do mundo artístico como Freud, Tagore (visto no post anterior) e Richard Strauss, um dos grandes maestros e compositores.do século XX. Não confundam com a família Strauss, austríaca, responsável pelas mais encantadoras valsas que já dançamos nas nossas vidas. O Richard, alemão, compôs uma das músicas clássicas mais conhecidas, a saber o poema sinfônico Assim falou Zaratustra, cuja partitura pode ser ouvida em comerciais de TV, cerimônias esportivas e foi notabilizada no cinema como parte da trilha sonora do filme 2001: Uma odisseia no espaço. Se alguns de vocês ainda não conseguirem identificar exatamente a obra, por favor entrem no Youtube e saboreiem, de olhos fechados, um dos melhores momentos que terão nesse dia. A extensa correspondência com Strauss foi transportada para um livro, disponível em vários idiomas. Voltemos a Rolland. O destacado escritor austríaco Stefan Zweig (na minha percepção, uma das maiores injustiças pelo não recebimento do Nobel) escreveu uma biografia de Romain Rolland, que o autor considerava como sendo “a consciência moral da Europa”. O escritor alemão Hermann Hesse (laureado com o Nobel em 1946) dedicou a Rolland uma de suas obras mais conhecidas – Sidarta. Rolland era um pacifista extremado, além de cultuar a ancestral filosofia indiana e, por cima de tudo, ser adepto do vegetarianismo. De forma absolutamente paradoxal com tantas belas convicções, Rolland era um admirador de Stalin, para ele “o maior homem de seu tempo”. A convite de Máximo Gorki – uma das mais fortes expressões da literatura russa – Rolland foi convidado a se encontrar com Stalin em Moscou. De toda forma, Rolland, falecido em 1944, não teve o desgosto de vivenciar a maior parte das atrocidades perpetradas pelo cruento regime stalinista. Na minha visão, o romance Pedro e Lúcia (Pierre et Luce, 1920) de Rolland é uma das mais comoventes histórias de amor da literatura universal.
1916: Verner von Heidenstam (1859-1940): o escritor sueco von Heidenstam, de origem aristocrática, foi contemplado com o Nobel sete anos após sua conterrânea Selma Lagerlöf ter recebido o galardão. Da mesma forma que um dos livros de Lagerlöf (A maravilhosa viagem de Nils Halgersson, v. Post-5) foi encomendado como complemento para os estudos escolares da geografia sueca, também von Heidenstam foi brindado com essa honra: sua coleção de contos sobre a vida do rei Charles XII (governou a Suécia de 1697 a 1718) passou a ser leitura obrigatória nas escolas primárias suecas. Abençoado seja o país em que as crianças estudam em livros de escritores contemplados com o Nobel de Literatura. As obras de von Heidenstam, tanto em prosa quanto em versos,são marcadas por um forte sentimento nacionalista, descrevendo também detalhadamente as paisagens do país. Viajante contumaz – aqui entram a vontade firme e a boa condição financeira – von Heidenstam deixou registros de seus passeios por grande parte do mundo. Era amigo próximo de August Strindberg (1849-1912), um dos pais do teatro moderno, inegavelmente, na época, o grande nome da literatura sueca, no entanto nunca contemplado com o Nobel (assim gira a roda da vida). No entanto, em anos mais tardios, von Heidenstam passou a combater com veemência a “filosofia proletária” que caracterizava o famoso teatro de Strindberg. Na vida pessoal von Heidenstam teve três esposas e uma fieira de amantes, quiçá sob a justificativa de assim encontrar inspiração para a diversidade de suas obras.
Figuras de linguagem
Paranomásia: naturalmente, como todos vocês se lembram das já remotas aulas de português no ciclo colegial, sabem perfeitamente que parônimos são aqueles vocábulos quase homônimos, diferenciando-se ligeiramente na grafia e na pronúncia. Por exemplo: absolver/absorver, comprimento/cumprimento, imergir/emergir, soar/suar e a lista quase não teria fim. Portanto, paranomásia é a figura de linguagem com o emprego de palavras foneticamente parecidas que se colocam próximas umas das outras: anda possuído não só por um sonho, mas pela sanha de viajar; quem vê um fruto não vê um furto.
Antanáclase (o mesmo que Diáfora): emprego de palavras homônimas, mas que diferem em significado: não vale a pena ter pena do adversário; seja paciente no trânsito para não ser paciente no hospital.
O uso de artigos definidos nos nomes geográficos:
Trata-se de um fascinante aspecto da nossa língua portuguesa.
– Para cidades: não se usa o artigo na maioria das cidades. No entanto: o Rio de Janeiro, o Recife, o Porto, o Cairo.
– Para estados: alguns não demandam artigos, por exemplo AL, GO, MG, MS, MT, PE, RO, RR, SC, SE, SP.
– Para países: a maioria pede o emprego do artigo. Algumas exceções: Bangladesh, Cabo Verde, Camarões, Cuba, Honduras, Mônaco, Qatar, Serra Leoa, Timor, Uganda.
Regras? Claro que não existem, parece que aqui só conta a sonoridade. Mas como funciona? Não vamos perder o sono por tais detalhes, assim é a magia dos idiomas.
Frase para sobremesa: A sabedoria é, na essência, o conhecimento das causas. (Aristóteles, 384-324 a.C.)
Bom descanso!