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Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

1912: Gerhart Hauptmann (1862-1946): o idioma alemão retorna ao pódio do Prêmio Nobel, desta feita para homenagear o dramaturgo Hauptmann. Sua cidade natal pertencia à Prússia na época de seu nascimento, mas agora faz parte da Polônia. Neste blogue, ao final dos comentários sobre cada um dos vencedores do Nobel de Literatura, vamos apresentar uma longa lista de contemplados que nasceram em um país, o qual, na curiosa dança das fronteiras, se transformou posteriormente em outro, ou ainda, pessoas que nasceram em um país e logo se mudaram para uma nova nação. Qual seria, portanto, a nacionalidade do laureado? É um assunto complexo, que será abordado mais à frente com a devida acuidade.

O garoto Gerhart abandonou a escola aos 15 anos de idade, para ir trabalhar no campo. Iniciou posteriormente estudos universitários em História e Filosofia, os quais foram logo largados. Da mesma forma ele tentou a carreira artística de escultor, sem nenhum êxito. É o típico caso em que a família pode se referir à pessoa com a cruel frase de “esse menino não vai dar em nada”. Vamos explorar em outros posts como tais fracasso iniciais ocorreram com um grande número de contemplados com o Nobel de Literatura. Até que Hauptmann começou a escrever, principalmente peças de teatro. Um pequeno sucesso aqui, outro acolá, o repertório vai se ampliando, alguns prêmios chegam, o reconhecimento também e aí parece que a vida toma um rumo muito confortável e certamente merecido. Um dos temas mais explorados nas produções literárias de Hauptmann é a luta de classes, seguramente um problema no nosso planeta desde os primeiros descendentes de Adão e Eva.

Hauptmann evidenciou uma marcante simpatia pelo nazismo, sendo inclusive um dos fundadores da esdrúxula Sociedade Alemã para Higiene Racial. Com o correr da segunda guerra mundial, tendo demonstrado traços de arrependimento, ele foi instigado pelas forças dominantes a não abrir mão publicamente das suas crenças políticas. Na ocasião do devastador bombardeio de Dresden (fevereiro de 1945) Hauptmann estava internado em um sanatório naquela cidade. Ele escreveu então “que aprendera de novo a chorar e que invejava os companheiros que morreram naquele inferno.”  

1913: Rabindranath Tagore (1861-1941): foi o primeiro não europeu a ganhar o Nobel de Literatura. A partir daí a sequência só foi novamente quebrada em 1930, quando o escritor norte-americano Sinclair Lewis foi laureado. Tagore nasceu e morreu na mesma cidade (Calcutá), fato este que levaria as pessoas de visão mais curta a imaginarem que ele tenha saído muito pouco do seu berço natal. Forte engano. Tagore viajou por todos os continentes, estabelecendo contato com reis, presidentes e cientistas notáveis, além de um grande grupo de escritores que o admiravam. Ele próprio foi um destacado polímata: formado em Direito na Inglaterra, escreveu poesias, romances, peças de teatro e os primeiros contos em língua bengali. Seus textos são impregnados de um forte componente lírico.  Além disso foi um músico notável, tendo composto mais de 2000 canções. Seu campo de atuação envolvia ainda as ciências, notadamente biologia, física e astronomia, além de investidas no campo da pintura. A maior parte de sua vasta obra literária, escrita em bengali, foi traduzida para o inglês pelo próprio autor. O Brasil é um dos países que apresentam o maior número de traduções de Tagore, com destaque para a marcante contribuição de Cecília Meireles.

Amigo muito próximo de Mohandas Gandhi, foi Tagore quem propôs a inserção do atributo de Mahatma (“grande espírito” em sânscrito) no nome do famoso líder político e espiritual. Uma curiosidade no currículo de Tagore é que ele foi – pelo menos até agora – a única pessoa a ter escrito o hino nacional de dois países: India e Bangladesh.  

Figuras de linguagem

Quiasmo: repetição simétrica, cruzando as palavras: meu filho abraçou-me carinhosamente, carinhosamente o abracei; vamos ao Drummond: no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.

Hipálage: transposição das relações naturais de dois elementos (a conexão que deveria ser feita com uma palavra é feita com outra): poeira já morta de moscas antigas (por poeira antiga de moscas já mortas); o segredo egípcio da esfinge (por o segredo da esfinge egípcia). Sim, concordo com vocês, é um nome muito imponente para algo tão bizarro, que mais se assemelha a uma dislexia verbal.

Frase para sobremesa: Por que não homenagearmos Tagore?: O homem só ensina bem o que para ele tem poesia.

Até a próxima!

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