Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
1909: Selma Lagerlöf (1858-1940): finalmente chegara a vez da Academia Sueca premiar alguém do próprio país. A escolhida foi a escritora Selma Lagerlöf, cujos livros eram muito populares na Suécia. Ela foi também a primeira mulher a receber o Nobel de Literatura. Como atualmente (2022) as escritoras ocupam o percentual de apenas 14 % dos premiados, pode-se considerar que a escolha feminina ocorreu em um período relativamente cedo (décima contemplada em um universo atual de 118). Lagerlöf foi também a primeira mulher a ser eleita para a Academia Sueca, no ano de 1914, portanto já tendo carregado a medalha do Nobel por cinco anos. Sua primeira obra (A saga de Gösta Berling) foi a vencedora em um concurso literário promovido por uma revista sueca, tendo recebido críticas muito favoráveis que alavancaram o sucesso do livro. Trata-se de um dos raros casos de vencedores do Nobel que lograram sucesso em concursos literários antes do recebimento do prêmio. Nos anos de 1906 e 1907 escreveu sua obra mais conhecida: A maravilhosa viagem de Nils Halgersson através da Suécia, com diversas traduções em português. A redação desse livro havia sido encomendada por um diretor de escola pública, na expectativa de promover o interesse dos alunos na história e na geografia da Suécia. Ele conta a história de um garoto que, montado em um ganso, sai viajando por todos os cantos do país, o que nos faz lembrar alguns livros infantis de Monteiro Lobato. A obra foi classificada em 68 0 lugar na conhecida listagem do jornal Le Monde sobre os 100 melhores livros do século XX. Muitas obras de Lagerlöf contêm uma atmosfera ficcional, com a intensa presença de gnomos e duendes, em claro contraste com o realismo naturalista que dominava a literatura sueca. Embora originária de família aristocrática, Lagerlöf passou parte de sua vida atuando como professora do ensino médio em áreas rurais. Educada em casa, como era o costume da época, ela havia dito à família, aos sete anos de idade, que queria ser escritora. Bela premonição. Nunca se casou e, na vida pessoal, teve amigas com quem estabeleceu convivências duradouras. Como as relações homossexuais eram um tabu na Suécia (bem diferente dos dias de hoje), não existem registros – à exceção de algumas cartas – sobre as opiniões da escritora sobre o tema.
1910: Paul Johann Ludwig von Heyse (1830-1914): de novo a língua alemã sobe ao palco, desta vez representada por um poeta lírico, ao mesmo tempo dramaturgo, contista e novelista. Na verdade, ele foi o primeiro escritor alemão de ficção a receber o prêmio, posto que os anteriores (Mommsen, 1902 e Eucken, 1908) eram, respectivamente historiador e filósofo. Seu pai foi professor universitário na área de literatura, da mesma forma que o seu avô paterno, na época o filólogo mais conhecido da Alemanha. É difícil imaginar alguém brindado com ancestrais tão notáveis. E Paul von Heyse não fez feio. Estudou filologia nas universidades de Berlim, Bonn e Munique. Seu primeiro livro foi publicado anonimamente por seu pai (nada como um pequeno empurrãozinho). Daí as portas da literatura foram se abrindo cada vez mais para o talentoso autor. Era fluente em italiano, idioma do qual traduziu diversas obras para o alemão. Escritor muito prolifico, destacou-se particularmente na poesia, sendo conferida a ele a alcunha (ou antonomásia, para aqueles que se recordam dos singelos ensinamentos de figuras de linguagem) de Príncipe da Poesia. Foi nomeado Conselheiro Literário (que emprego grandioso) do rei Maximiliano II da Baviera. Usou seu grande renome internacional para conduzir esforços de paz entre alguns conturbados países europeus.
Figuras de linguagem
Poliptoto: repetição de palavras em diversos casos ou formas ou de um verbo em tempos diferentes: ler, li, antes não lesse; perceber, percebi, preferia não ter percebido.
Repetição: repetição proposital de palavras ou expressões: cantei, cantei, cantei, como é cruel cantar assim. Um caso particular desta figura de linguagem é a batologia, que consiste na repetição desnecessária das mesmas informações com as mesmas palavras. Todos nós conhecemos pessoas com um frequente comportamento batológico.
Anáfora: repetição da mesma palavra ou expressão no início de membros da frase: tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Um exemplo muito conhecido é a canção Águas de março, de Antônio Carlos Jobim: É o pau, é a pedra, é o fim do caminho …. A propósito, toda a letra dessa música é uma bela anáfora.
Pequeno compêndio para enlouquecer os estrangeiros que se esforçam por aprender o idioma português.
Vazar (do latino vacare, mesma origem do termo vazio). Mas: extravasar (onde existe o componente vaso)
Expectativa, mas: espectador
Acessar, mas: assessor
Sidra (a bebida), mas: cidra (o fruto da cidreira). O que nossas avós preparavam nas festas de aniversário era, portanto, um doce de cidra, o qual poderia ser acompanhado, pelos adultos, por fartos goles de sidra
E o golpe de misericórdia: as quatro pronúncias da letra x. Observem o exemplo: Exame da taxa máxima de oxigênio. Em cada uma das palavras da frase o x é pronunciado de maneira distinta. Nós não temos culpa, herdamos a língua de nossos antepassados. É por isto que muitos estrangeiros tentam simplificar esta barafunda e pronunciam o x sempre como cs.
Frase para sobremesa:
Deus possui forma esférica, já que Ele é igual em toda parte (Zenão de Eleia,
490-430 a. C.)
Até a próxima!