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Sequência de escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.


1907: Rudyard Kipling (1865-1936); foi o primeiro autor de língua inglesa a receber o prêmio Nobel, sendo, até hoje, o escritor mais jovem a ser contemplado com o galardão, com apenas 42 anos de idade. Nascido em Mumbai, India, viveu no país até os cinco anos, quando partiu para a Inglaterra. Voltou para a India, residindo com a família na cidade de Lahore (atualmente no Paquistão). Aos 24 anos retornou à Inglaterra, onde, paulatinamente, foi se consagrando como um respeitado escritor. De 1898 a 1908 fez, junto com a esposa, viagens anuais à África do Sul, recebendo inspirações para novas histórias. Teve a dor de perder um filho de 18 anos em batalha durante a Primeira Guerra Mundial, o que o levou a adotar um posicionamento crítico em relação aos conflitos mundiais. Kipling foi um escritor bastante conhecido internacionalmente, tendo escrito romances, contos e poesias. Sua obra The book of jungle (O Livro da Selva) transformou-se em um dos maiores clássicos mundiais de literatura infantil e juvenil. A figura de Mowgli, o menino-lobo, inspirou Baden-Powell, o inglês criador do escotismo, a designar como lobinhos os escoteiros de sete a onze anos de idade. O prenome, Rudyard, foi escolhido por ter sido o nome do lago em Staffordshire, Inglaterra, onde os pais se conheceram e iniciaram o namoro. Bela homenagem, tanto ao lago quanto ao escritor. Quando Kipling já estava bastante idoso, um periódico inglês noticiou, de forma equivocada, a sua morte. Em rasgo típico do humor britânico, ele escreveu ao jornal a mensagem: “Li hoje no jornal uma breve nota sobre a minha morte. Por favor, não se esqueçam de remover meu nome da lista de assinantes.”


1908: Rudolf Christoph Eucken (1846-1926): de novo a língua alemã foi contemplada, agora na pessoa de um renomado filósofo, professor em diversas universidades alemãs, suíças e americanas. Eucken defendia que a filosofia não devia ser um mero intelectualismo, mas sim a sua aplicação a problemas práticos da sociedade. Ele designou tal conceito como sendo um ativismo ético. Destacava a superioridade da cultura alemã, citando exemplos na filosofia (Kant e Leibnitz), na religião (Lutero), na literatura (Goethe, Schiller) e na música (Beethoven, Bach, Brahms). Não é demais lembrar que Tolstoi ainda continuava vivo, por apenas mais dois anos, e que a poderosa literatura russa só seria contemplada em 1933 com o prêmio outorgado a Ivan Bunin.

Figuras de linguagem


Silepse: é o grande alívio para as pessoas justificarem um erro de concordância, sendo, portanto, ferramenta muito útil em conversas formais ou relaxadas. Em suma, trata-se da concordância com a ideia e não com a palavra escrita: um bando de pessoas gritavam em frente ao prédio; minha família foi dormir cedo, bastante cansados; os brasileiros somos otimistas. Como dizíamos, depois da criação da silepse, muitas derrapadas no uso do português podem ser adequadamente contornadas mediante a utilização desta utilíssima frase: “desculpem-me, não foi erro, preferi lançar mão de uma silepse.”


Hipérbato: alteração da ordem direta dos termos da oração. O dicionário Houaiss usa o exemplo da construção aquela que me arruinou mulher. Fica a dúvida se alguém já teria usado uma montagem gramatical tão esdrúxula. Outros exemplos mais lógicos: morreu o presidente; cachorro em casa eu não quero mais. Querem um exemplo mais agradável? Cantemos o início do nosso belo hino nacional.


Aliteração: repetição de fonemas idênticos ou parecidos no início de várias palavras de uma mesma frase. Um exemplo que colho da minha infância: o rato roeu a roupa da rainha Rita da Rússia. Ou então o famoso provérbio: quem com ferro fere com ferro será ferido. Também na música: chove chuva, chove sem parar (Jorge Ben Jor)


Novos comentários sobre a fonética da língua inglesa


Ainda nessa questão da fonética vale comentar a conhecida frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na lua: a small step for a man, a giant leap for mankind (um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade). Tudo bem, até aí não há nada de mais. No entanto, surgiu uma polêmica, retratada em jornais e em filmes, de que Neil teria omitido o a em for a man, de tal modo que se perdeu o sentido e o impacto da frase, já que a primeira e segunda partes da mesma seriam quase idênticas. Imaginem quantos milhares de vezes Neil teria treinado a frase, ao acordar, em frente ao espelho, antes, durante e depois do banho, na hora de dormir etc. Ele afirma categoricamente que pronunciou a man, mas a gravação, analisada por especialistas em fonética, indica o contrário. Se quiserem, tentem fazer o exercício, pronunciando as duas versões da frase: for a man e for man. Elas, de fato, soam de maneira bastante parecida.


Voltemos ao mundo real: como se pronuncia financial diretor, um dos cargos mais cobiçados nas grandes (e, também, pequenas) empresas? A resposta, que me foi apresentada por um colega inglês – portanto não deixando muita margem para dúvidas – é isso que vocês já imaginaram: são quatro pronúncias possíveis, todas elas corretas, basta variar a fonética da letra i, ora como i, ora como ai.

Saindo da fonética e entrando na grafia, temos versões distintas conforme se trate dos EUA ou do Reino Unido: color (EUA), colour (RU), labor/labour (e mais uma longa lista de palavras com a terminação or/our); airplane/aeroplane, tire/tyre, center/centre, theater/theatre, liter/litre, analyze/analyse, whiskey/whisky. Mas não se trata da mesma língua? Sim, em termos. Existem nuances (ou nuanças para os puristas), ótimo termo para explicar as variações.


Vejam alguns exemplos de grafias distintas entre Brasil e Portugal:


Aluguel/aluguer, bebê/bebé (vocês já devem saber que, em Portugal, o acento circunflexo é substituído pelo agudo), elétrico/eléctrico, handebol/andebol, loteria/lotaria, louça/loiça, planejar/planear, registro/registo e a lista seguiria por muitas páginas.


Frase para sobremesa:


O homem é a medida de todas as coisas: das coisas que são enquanto são e das coisas que não são enquanto não são (Protágoras, 481-411 a. C, escola dos sofistas, conhecidos como os mestres da retórica). Por favor, fiquem à vontade para interpretar este pensamento da maneira que quiserem.
Bom descanso!

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